quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Avaliação Psicológica de Vigilantes: Custos versus Vidas

Em vigor desde novembro de 2013, a Instrução Normativa 70/13 do Departamento de Polícia Federal (IN 70/12) buscou normatizar o trabalho de avaliação psicológica para as empresas de segurança e para os centros de formação e reciclagem em segurança privada . Requisito previsto no art. 16, inciso V da lei 7102/83, que dispõe sobre as atividades de segurança privada no Brasil, a avaliação psicológica é condição indispensável para o ingresso e a continuidade da atividade de vigilante por conta do uso da arma de fogo, item este inerente à atividade de vigilante e sujeito ao controle do Departamento de Polícia Federal por força da lei 10826/03 (estatuto do desarmamento) em seu art. 6°, inciso VIII.

No parágrafo 2° do artigo 15 da portaria DPF 3233/12, que dispõe sobre as normas relacionadas às atividades de segurança privada, está estabelecido que “o exame psicológico será aplicado por profissionais previamente cadastrados no DPF, conforme normatização específica.” Tal normatização tomou forma na IN 70/12, que estabeleceu, dentre tantos itens, que o psicólogo deve ser credenciado pelo SINARM para a realização deste trabalho.

Um fator que gerou enorme polêmica no que foi estabelecido pela IN 70/12 foi a bateria de testes que deveria ser realizada para a obtenção do laudo de aptidão psicológica, bem como a obrigatoriedade da realização dos testes num local previamente credenciado pelo SINARM, que estabeleceu critérios quanto à iluminação, ruídos e adequações sanitárias. A quantidade de testes e a complexidade de algumas técnicas de avaliação propostas acabaram por tornar o trabalho de avaliação mais minucioso, demorado e (para preocupação dos empresários do ramo da segurança) custoso.

A via jurídica foi a solução encontrada pelo empresariado de segurança no Estado de São Paulo para revogar, ou mesmo protelar a determinação do Departamento de Polícia Federal para se realizar o trabalho de avaliação psicológica, muitas entidades patronais do segmento pleitearam na justiça federal um parecer que pudesse anular o estabelecido na instrução, com argumentos que versavam sobre a pouca quantidade de psicólogos credenciados e a falta de critérios para definir o perfil psicológico do vigilante.

A ABREVIS (Associação Brasileira das Empresas de Vigilância) obteve a concessão de uma liminar junto ao Tribunal Regional Federal da 3ª região, determinando a suspensão da IN 70/12 em 17/12/2013, que na prática estabeleceu que os efeitos que determinavam uma avaliação mais rigorosa seriam anulados por conta da necessidade da continuidade do trabalho das empresas de segurança.

Transcrevo parte do entendimento do Sr. MM Juiz Federal Dr. Victório Giuzio Neto, que assina a conclusão do referido mandado de segurança:

“Ademais devem ser sopesados dois valores: o primeiro das consequências do fechamento destas empresas e o segundo de que, mesmo sem o teste psicológico, e, portanto, da avaliação dos profissionais, uma segurança MESMO QUE DEFICIENTE vem sendo realizada.” (negrito meu)

Não se discute a validade da norma estabelecida pelo DPF (que pecou por não ter sido claro na IN quanto ao perfil psicológico desejado do vigilante), nem o entendimento do juiz federal que concedeu a liminar para a associação patronal. A questão da continuidade do trabalho de segurança privada num Estado como São Paulo é indiscutível.

Proponho somente uma reflexão sobre dois fatores que ficaram em jogo em decorrência deste conflito de interesses: A vida humana versus o interesse mercadológico.

Está bem claro o fato de que muitos (e felizmente nem todos) que contratam segurança, oferecem serviços de vigilância, formam ou reciclam vigilantes estão mais preocupados com os custos e com a diminuição de sua margem de lucro do que com a necessidade de critérios sérios de avaliação psicológica dos homens da segurança. Desconsideraram o entendimento do Conselho Federal de Psicologia e Do Departamento de Polícia Federal  acerca do tema, e ganharam na justiça o direito de continuar precarizando o trabalho de avaliação psicológica e oferecendo um serviço DEFICIENTE (palavras do Sr. MM. Juiz) de segurança privada.

Vejam aqui o preço da DEFICIÊNCIA:



Com o mercado saturado de psicólogos que se sujeitam a ganhar menos do que merecem, mas que precisam pagar suas contas e manter suas famílias, com a desunião da classe psicológica, com a falta de representações de classe com força para impor condições dignas de trabalho e com um Conselho Regional e Federal de Psicologia alheio à realidade profissional da classe, mais preocupado com o “social/antropológico/filosófico” e menos preocupado com a práxis do trabalho psicológico no dia a dia, os empresários da segurança se valem da chamada “livre concorrência” para buscar psicólogos mais e mais baratos. Mais e mais PROSTITUÍDOS.

Considerando que um psicólogo confere a um indivíduo o direito de portar uma arma de fogo por força de sua capacidade psicológica, permitir que um indivíduo pouco (ou mal) avaliado porte uma arma de fogo é muito arriscado.

Quantas mortes podem ter ocorrido por conta dessa negligência? Quantos suicídios de vigilantes? Quantas ações precipitadas? Sinistros...

Estatísticas não contemplam todos os fatos, mas qualquer vigilante vai afirmar empiricamente que já trabalhou com colegas “treze” (gíria utilizada por estes para definir pessoa com desequilíbrio psicológico).

Com base em tudo que foi explanado, só posso dizer uma coisa: “PARABÉNS” aos associados da ABREVIS pela obtenção de sua liminar. Conseguiram reduzir seus já elevados custos e protelaram por mais tempo algo que inexoravelmente irá ocorrer: o estabelecimento de uma norma que regulamente os procedimentos de avaliação psicológica de vigilantes.

Porém, tais consequências dessa liminar ainda serão sentidas por muita gente:

Você, cliente, continua perdendo porque paga caro por segurança armada e pode correr sério risco de ser vítima de seu próprio contratado, uma mão de obra DEFICIENTE conforme entendimento de um juiz federal.

Você, psicólogo, continua perdendo porque tem o seu trabalho cada vez mais desvalorizado e banalizado por colegas prostituídos pelo mercado que cobram valores ridiculamente baixos por uma avaliação de qualidade duvidosa.

Você empresário da segurança comprometido com o trabalho de vigilância com qualidade, continua perdendo porque cada dia que passa, vê o mercado saturado de desequilibrados com curso de vigilante e paga bem caro civil e criminalmente quando seu empregado comete um crime em decorrência de problemas psicológicos que poderiam ter sido evitados lá atrás, numa avaliação psicológica eficaz. Perde também pelo fato de que se vê forçado a proceder com a precariedade para não perder o mercado frente a concorrência desleal de empresários vigaristas que vêem no subemprego de psicólogos uma deixa para aumentar suas margens de lucros.

E você, vigilante, continua perdendo a pouca credibilidade profissional que possui, sendo agora caracterizado como uma mão de obra DEFICIENTE, porém necessária. Muitos de seus patrões e clientes (não todos) desejam que você continue assim, pois não querem tirar do bolso uma avaliação de qualidade que separe o joio do trigo nesta tão complexa, importante e pouco reconhecida atividade. Você continuará a ser nivelado por baixo por conta de desequilibrados que ostentam o mesmo uniforme que você.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Apoio psicológico ao agente de segurança: Tratamento ou castigo?




Recentemente, em reportagens veiculadas nas mídias impressas e virtuais acerca da reação de um policial militar ante uma tentativa de roubo de uma moto, ocorrida na zona leste da cidade de São Paulo, filmada pela câmera acoplada no capacete da vítima, surgiram rumores sobre um suposto “afastamento compulsório” do referido policial após sua reação, como represália por ter feito uso de sua arma de fogo contra a integridade física do “meliante”.

Sobre este caso, foi amplamente divulgado pelo site youtube e pelas redes sociais, o discurso inflamado do Deputado Estadual Major Olímpio, demonizando o Programa de Acompanhamento e Apoio ao Policial Militar (PAAPM), apontando a ingratidão do Sr Governador por seus policiais ao colocar seu agente da lei num programa de apoio psicológico da polícia como “castigo” por ter “atirado num bandido”.


Peço desculpas ao oficial superior, Sr. Major Olímpio, mas este "ex-praça" ousará “ponderar” sobre sua infeliz colocação, que passa uma imagem equivocada sobre o que é uma intervenção psicológica para profissionais de segurança que se envolvem em situações de risco à sua vida e à de terceiros e que que faz um total desserviço à população e à psicologia, com objetivos claramente políticos. O Sr. perdeu um eleitor com isso.

Sem qualquer pretensão em ensinar a policiais sobre como gerenciar crises, é evidente que, toda situação que implica em matar (ou quase matar como foi o caso) pode em maior ou menor grau resultar em situações de estresse emocional e pode alterar a percepção que as pessoas têm sobre a vida e sobre a morte. Não precisa um psicólogo dizer isso, basta ter um mínimo de inteligência e compreensão empática para que qualquer um entenda tal fato.

Muitos são os relatos de pessoas que entram num quadro de estresse pós-traumático após eventos dessa natureza, e apesar de não conhecer especificamente o PAAPM, aposto que o pessoal de lá possui muitas histórias de policiais que entram em depressão, adquirem síndrome do pânico e outras doenças psíquicas em decorrência do evento traumático que vivenciaram.

Certa feita, quando perguntei para um agente da lei sobre o que faria caso se envolvesse numa situação de resistência que resultasse na morte de um bandido, ouvi deste a seguinte “pérola:

“Matar ladrão é como matar porco, a gente se comove no primeiro momento, mas depois se acostuma”.


O raciocínio descrito acima, muito compreensível para aqueles que nunca mataram alguém e que defendem a bandeira do “bandido bom é bandido morto”, pode ser entendido como a manifestação catártica do público em geral sobre a aniquilação de ladrões das mais diversas formas possíveis e imagináveis, tendo em vista a sensação de impunidade e impotência em que vivemos.

 Porém, aproveitando a analogia acima, a grande maioria das pessoas adora comer feijoada, mas poucos são aqueles que se atrevem a “matar um porco”, ou mesmo ver um suíno agonizando até a morte para que este forneça a nossa “linguiça de cada dia”, não é mesmo?

A morte sempre é algo que merece nossa atenção. Todo policial é um ser humano que ri, chora, que tem medo, que adoece, sofre, morre...

Não se pode banalizar a morte, o impacto que ela causa para todos. Ela pode ser vista como um mal necessário, mas nunca como uma solução para um problema, ou motivo de alegria. Enxergo patologia quando vejo pessoas se deliciando pela morte de alguém, quem quer que seja.



Quero deixar bem claro que não defendo a postura vacilante do policial ante uma “injusta agressão atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”. A legítima defesa é um recurso que o policial deve utilizar sempre, e que a iniquidade deve sempre ser combatida, mesmo que com o uso da força letal. O policial militar tem meu respeito pela ação realizada e merece todo o reconhecimento por seu ato, mas o Estado jamais deve ser negligente em submeter este policial a uma avaliação psicológica como o Sr. Deputado acredita que não deveria ter sido.

É bem provável que o policial que atuou na resistência foi avaliado e foi entendido que este não precisa passar pelo PAAPM porque não foram identificadas sequelas emocionais que justificassem sua permanência neste programa, ponto. Porém esta avaliação poderia resultar SIM, num afastamento das funções profissionais.

E se isso acontecesse, qual o problema? Intervir psicologicamente num policial que se envolveu numa ocorrência de gravidade que pode resultar em desajustes emocionais, para si, para sua família e para a sociedade não deve ser visto como um "castigo" ou uma "injustiça", mas sim como uma forma de cuidar e tratar de um policial que pode estar sofrendo.



Num país em que tantos direitos e garantias são concedidos à infratores da lei, descrever um programa de assistência psicológica da Polícia como algo ruim é desacreditar um dos poucos programas da Polícia Militar de São Paulo que fazem valer os "Direitos Humanos" dos policiais.


terça-feira, 13 de agosto de 2013

Assédio Moral no trabalho: quando o “pede para sair” deixa de ser para os fracos






Longe de aumentar o acalorado debate envolvendo classe laboral versus empresas no que concerne ao tratamento que empregadores conferem a seus empregados, gostaria de apresentar este artigo como a visão de um psicólogo que trabalhou e trabalha com segurança, acerca de um fenômeno que toma corpo como saber jurídico em ações civis e trabalhistas em tribunais, e que ocorre com infeliz frequência em empresas em todo o Brasil: o assédio moral em empresas de segurança privada.

Silva (2005) define assédio moral como:
 “a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego. (SILVA, Jorge Luiz de Oliveira da. Assédio Moral no Ambiente de Trabalho. Rio de Janeiro: Editora e Livraria Jurídica do Rio de Janeiro, 2005. p.28).

A definição apresentada pela ação “forçando a desistir” descrita na definição, me faz lembrar o filme “tropa de elite”, em que o personagem principal, Capitão Nascimento, no curso de formação de agentes do BOPE, utiliza frequentemente o termo “pede para sair” para os alunos que ele e os demais policiais do batalhão acreditavam não possuir perfil para envergar a caveira do curso de operações especiais.



Fazer parte de uma unidade como o BOPE, o COE ou o PELOPES exige preparo físico e psicológico ante as diversas adversidades que um combatente dessas unidades de elite enfrenta em situações de confronto. Para as ocorrências e missões que os “combatentes” destas unidades enfrentam, resistência ao cansaço, à dor e ao sofrimento psicológico são requisitos importantes para o sucesso, que, não raro implica em sobreviver à atentados e ações hostis do crime organizado.

No âmbito da segurança privada, apesar da constante evolução das relações homem e trabalho, do aumento das exigências de qualificação, tanto para as funções operacionais quanto administrativas, ainda encontramos em muitas empresas um ambiente característico de unidades militares em que ordens e regulamentos são dogmas inquebráveis.

Longe de criticar o regime de trabalho implantado nos quartéis, modelo de qualidade, disciplina e de valores tão caros e importantes (e tão em falta em nossa sociedade) como o civismo e a honra, fica um questionamento importante: qual o limite entre a hierarquia e a disciplina, pilares fundamentais para a constituição de uma tropa adestrada e preparada para o combate no front e o “cumpra-se” irrestrito e inquestionável que muitos líderes de segurança impõem para o vigilante como se a prestação de serviços de segurança privada para ter qualidade devesse seguir os moldes de uma unidade militar?

É fato inconteste que muitos gestores que atuam no segmento segurança privada vieram de unidades militares, graduados e oficiais da reserva das forças armadas e auxiliares que, com a vasta experiência adquirida em comando e liderança, gerenciamento de crises e outras atividades militares importantíssimas para a segurança, colaboram sobremaneira para o engrandecimento do ramo da segurança privada por conta do senso de organização, ética inquebrantável e honra.

Porém muitos gestores ampliam este modelo para além do aspecto positivo explanado e acreditam que gerenciar profissionais de segurança implica em humilhar, ridicularizar ou oprimir, declarada e discretamente, aos moldes do que é praxe em algumas unidades militares.

Como exemplo, cito como algumas escolas de formação e reciclagem de vigilantes impõem aos alunos a prática de pagar flexões de braço, agachamentos e outros castigos, a rigidez ante atrasos, o uso de termos desrespeitosos por parte de instrutores, monitores e coordenadores contra alunos não enquadrados na sistemática dessas escolas. Nestes cursos, é comum o uso do termo “pede para sair” para demover o aluno do intento de terminar o curso, sob a argumentação de que isso fortalece o espírito e prepara o futuro vigilante para o “pior que virá, quando tiver que atuar na prática profissional.



Este “regime” cria um contingente de pessoas com a equivocada percepção de que oprimir e desrespeitar faz parte da rotina de trabalho de um vigilante, sobretudo no que diz respeito ao tratamento conferido aos colegas de trabalho e subordinados.

Muitos são os danos à saúde que o assédio moral inflige no trabalhador: ansiedade, depressão, transtornos de ajustamento síndrome de burnout e tantas outras doenças psicológicas resultam em sofrimento para o trabalhador e sua família, resultam em mortes por suicídio em níveis alarmantes e geram a médio e longo prazo para a previdência social, para o SUS e outros órgãos de saúde pública um custo governamental que poderia ser plenamente evitado.



Apesar do explanado até agora, é importante destacar que, gradualmente o assédio moral em empresas de segurança vem se tornando exceção ante a regra geral em que as relações empregador/empregado nas empresas de segurança são pautados pelo respeito mútuo, ética e profissionalismo. A cada dia o gestor militarista vem cedendo espaço para o líder que com a inteligência emocional mobiliza seus homens para a missão de oferecer segurança para seus clientes com foco na qualidade e respeito mútuo.

Também é sabido que o poder judiciário tem conhecimento dessa prática e vem tomando medidas punitivas exemplares junto a empregadores de segurança que praticam assédio moral.



Porém ainda não estamos diante de um quadro ideal. Falta investimento da parte dos empregadores no sentido de oferecer treinamentos atitudinais para que seus supervisores, inspetores e líderes mudem sua postura junto a seus subordinados, falta legislação que normatize a obrigatoriedade de qualificação técnica e permanente atualização curricular do quadro de gestores de uma empresa de segurança, e falta também uma legislação que tipifique assédio moral como prática antijurídica passível de severa punição quando devidamente identificada.


Quem deve “pedir para sair” é o mau gestor que deve entender que seu tempo de milico é passado, e deve parar de agir como um frustrado por ter saído compulsoriamente de seu quartel (se é que um dia esteve em um).

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Ostensividade na natureza

Neste texto vou discorrer sobre um mecanismo desenvolvido por algumas espécies para garantir sua sobrevivência e que é ferramenta importante para o sucesso do trabalho de segurança preventiva: a aparência (que irei nominar ostensividade) como agente provocador de medo e gerador de senso de proteção na natureza.

Observem a figura a seguir. O que ela sugere?


Esta espécie de mariposa é chamada de borboleta Coruja (Caligo eurilochus brasiliensis) e vive na floresta amazônica. Impressiona o desenho das asas deste animal parecer olhos esbugalhados, amedrontadores. Tal desenho inibe ações predatórias contra a borboleta pelo medo que gera nos eventuais caçadores. É um dispositivo de camuflagem que proporciona SEGURANÇA para a borboleta que a seleção natural fez prevalecer para a continuidade desta espécie.

O "mundo animal" possui diversos exemplos como o apontado acima e mostra o quanto “parecer” perigoso pode se mostrar tão eficaz para a sobrevivência dos seres quanto ser perigoso de fato.

A aparência entre os animais possibilita tanto a sobrevivência quanto a perpetuação da espécie, e nota-se que espécies menos privilegiadas no item aspecto ameaçador, acabam por desenvolver ou aperfeiçoar outros mecanismos adaptativos para sobreviver na natureza.

Como exemplo pergunto: qual destes dois aracnídeos é o mais perigoso?




O primeiro é a aranha marrom, presente em quase todo o Brasil, possui veneno com propriedades necrosantes. O segundo é a aranha goliath “comedora de pássaros”, um tipo de caranguejeira ocorrente na floresta amazônica e considerada a maior aranha do mundo.

Ambas são venenosas, porém a aranha marrom possui veneno muito mais potente que a caranguejeira. Por mais estranho que possa parecer, a aranha do tamanho de uma moeda é mais mortal e perigosa que a caranguejeira de 28 cm!

Agora, refazendo a pergunta e entrando no tema: qual das duas PARECE ser a mais perigosa?
Certamente a Goliath, com seu tamanho descomunal, não precisa de veneno para impor respeito. Seu visual provoca em nós maior apreensão do que uma pequena aranha marrom provocaria. Para sua sobrevivência na natureza, o veneno da caranguejeira se tornou secundário para sua sobrevivência, pois seu tamanho e seu aspecto são suficientes para manter predadores como o homem bem longe dela.

Para nossos sentidos, parecer perigoso provoca reações que remetem ao instinto de auto-preservação presente em todas as espécies. Este alarme que aponta potencial físico para o dano ao observar um animal aparentemente ameaçador nos manteve vivos na época em que morávamos em cavernas, mas pode ser utilizado em favor da segurança, pois é este o senso que inibe a audácia de um ladrão moderno em furtar a residência quando se depara com o pitbull do outro lado do portão.



Atualmente é possível estabelecer um paralelo entre este "senso de medo" quando observamos como um homem profissional de segurança se paramenta e por que armas de fogo precisam estar aparentes para causar "sensação de medo" no agente infrator da lei.


Quanto mais ostensivo o agente, com vestes que sugerem potencial para ferir e matar, com armas visíveis, viaturas com sirenes e giroflex, maior a percepção do bandido de que, se este ousar fazer algo diante da presença daquele agente, poderá se dar muito mal. Eis o princípio da segurança ostensiva.

 Entretanto é importante também destacar que existe um outro aspecto diretamente relacionado com a aparência animal que desperta sensações relacionadas com a segurança ostensiva.

Fêmeas de diversas espécies do reino animal, no transcorrer dos milênios de evolução, acabaram por eleger para procriação, machos com atributos físicos que trazem a percepção de segurança para si e para a prole. Não por acaso, observamos o ocorrente dimorfismo (diferença anatômica) sexual em leões, pavões e (por que não) entre homens e mulheres.






Notem que estas alterações físicas nos machos geram sensação de SEGURANÇA às fêmeas, que vêem num macho maior e mais forte alguém que irá lhe proteger, irá prover os meios para sua sobrevivência e garantirá sua integridade física contra a ação de predadores e outros agentes hostis.


Esta sensação, que moças adoram sentir quando acolhidas nos braços de seus mancebos, que bebês instintivamente sentem no colo de suas mães, são sensações primitivas que outras espécies também sentem, notadamente aquelas que se organizam em grupos como os chimpanzés e os seres humanos.

Este também precisa ser o senso que faz dos profissionais de segurança agentes de proteção, que despertam a tranquilidade daqueles que contam com seu trabalho de segurança.


O fato é que o senso de medo e sensação de segurança são dois lados da mesma moeda.

Cabe aos gestores de segurança pública e privada compreender que o potencial para destruir e a força para proteger são importantes para a manutenção da segurança para as pessoas, e que o agente de segurança sem o potencial para oferecer medo ao bandido (baixa ostensividade) é tão ineficaz quanto o agente fortemente armado, com alta ostensividade que acaba por amedrontar a todos, inclusive àqueles que deveriam ser objetos de sua proteção. 

Tal e qual o reino animal, é preciso que haja adaptação ante os diversos ambientes em que a segurança ostensiva se faz presente, pois quem deve sucumbir e ser extinto é o malfeitor.

E que sobreviva o mais apto.

domingo, 14 de julho de 2013

Nossos inimigos não são os que nos odeiam, mas aqueles que nós odiamos

Este conto, mostra o quanto é importante que nos libertemos dos laços do ódio. Ser feliz implica em se libertar do mal que deixamos entranhar em nosso ser.



Um senhor de avançada idade, militar com experiência de combate e ex-prisioneiro de guerra foi visitar um velho amigo, colega de caserna que havia compartilhado com ele tão penosa experiência.

-Já esqueceste da prisão durante a guerra? Perguntou o senhor.


-Sim, disse o outro. A vida continua, e prefiro viver o hoje. Estou felicíssimo em lembrar da alegria que meus netos me trazem quando me visitam todos os finais de semana...



 ...e da doce lembrança de minha esposa fiel, que sempre foi meu grande amor e que sempre compartilhou comigo todos os momentos felizes da minha vida.





E o colega responde:


-Pois eu ainda não...





...ainda continuo a odiar todos aqueles que nos aprisionaram com toda a minha alma. Jamais irei me esquecer do mal que estas pessoas me causaram...




...do sofrimento, da humilhação e da dor que senti naquele lugar miserável.



O amigo, muito calmamente, responde com a serenidade dos felizes:

Então…




 ...ainda te manténs prisioneiro!!!

terça-feira, 9 de julho de 2013

Deficiência

A cada dia que passa, me convenço de que a deficiência está na cabeça das pessoas.

É a deficiência da vontade, a deficiência do sonhar, a deficiência do ser feliz.

Nossa normalidade nos faz inconformados com o que somos, com o que temos e com quem estamos, nos deixando cegos, surdos e inertes ante valores tão importantes, quanto amar nossos pais, nossos filhos, nosso cônjuge.

Somos mudos e calamos nos momentos que deveríamos falar: EU TE AMO, ME PERDOE, ADMITO QUE ESTÁS CORRETO, e ficamos cada dia mais deficientes...

Assistam ao vídeo, e vejam o quanto Nick Vujicic é definitivamente muito feliz, e vamos refletir sobre as nossas deficiências.


TIGERS - Turma 08/13 - 09/072013